quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A experiência do Poder

Reportagem publicada no jornalzinho da Escola sobre a atividade de Simulação de Eleições com os 2os anos

A experiência do Poder

Pelos professores de Sociologia do Ensino Médio – Nicolau e Marcela


Entrega da faixa presidencial para Daniela Queiroz, realizada pela Professora Marcela e a Coordenadora Márcia

Ao longo deste 2º semestre do ano de 2010, optamos por discutir com os alunos do 2º ano do Ensino Médio as teorias da Sociologia em torno dos temas de poder e política. Nesse contexto, um dos instrumentos de avaliação que propusemos foi uma atividade bem diferente daquilo que normalmente realizamos no cotidiano de sala de aula: uma simulação de eleições presidenciais.

Para isso, não aproveitamos os candidatos oficiais do jogo eleitoral nacional que vivemos esse ano. Os próprios alunos se organizaram em partidos políticos e lançaram candidatos à presidência como se eles mesmos estivessem participando desse jogo.

Num primeiro momento, a atividade se restringiu a cada turma que se dividiu em três partidos políticos para elaborarem uma plataforma de campanha com os objetivos específicos do candidato que lançariam, com seu vice e um possível corpo ministerial nas áreas que julgassem mais importantes.

A idéia principal era que aproveitassem a oportunidade para pensar a situação atual de nossa sociedade, identificando seus principais problemas e sugerindo soluções possíveis.

Por meio de votação interna, cada turma elegeu um candidato que concorreria à eleição geral da escola com os demais candidatos eleitos nas outras turmas.

Num segundo momento, contamos com a ajuda de outros professores que gentilmente cederam alguma de suas aulas para que realizássemos no auditório da escola dois grandes debates com todos os candidatos. Esse, sem dúvida, foi o ponto auge da atividade, porque o envolvimento dos alunos foi-nos inesperado e admirável. Diversos assuntos foram debatidos, alguns com muita propriedade e reflexão, outros com um pouco de ingenuidade. Mas, vindo de adolescentes estudantes de Ensino Médio, era de se fazer inveja aos monótonos e vazios debates que tivemos que assistir na difícil e vergonhosa disputa eleitoral deste ano.

Por fim, realizamos as eleições em dois turnos que tiveram resultados acirrados, especialmente no segundo, como é possível notar nos gráficos abaixo.



Gostaríamos de parabenizar todos os alunos que participaram dessa atividade, inclusive aqueles que não eram candidatos, mas eleitores e que tiveram coragem para fazer perguntas, algumas muito bem elaboradas, e de votar: o baixo número de votos brancos e nulos revela que a maioria se envolveu na disputa eleitoral. Aos candidatos que não venceram, serve um consolo: a democracia representativa pressupõe a disputa eleitoral, e como em todo jogo, vencedores; porém, diferentemente de uma partida de futebol, o time que perdeu também sai vencedor na democracia, desde que os debates sejam bem travados, as propostas sejam bem discutidas, os cidadãos votem de forma consciente.

Entrevistamos a candidata vencedora, Daniela Queiroz, do Partido Jovem Moderno, organizado pelo 2º EME. Nesta entrevista, ela revela que a experiência das eleições não foi uma simples simulação, mas produziu efeitos reais, tanto na sua formação pessoal, quanto nas relações entre colegas de sala, que se uniram com o objetivo de vencer e discutir projetos para o país. Além disso, a experiência do Poder foi descrita pela jovem presidente como singular, marcada por fortes emoções e pela necessidade de um autocontrole para que o “poder não subisse à cabeça”. As mãos trêmulas, a voz entrecortada, a força das palavras que na política, às vezes, fogem do controle dos candidatos, a necessidade de controlar a raiva e os nervos, tudo isso que compõe a experiência do poder coloca, segundo a entrevistada, as pessoas à prova: é nesse momento que se vê a personalidade real das pessoas. O que podemos concluir dessa breve entrevista é que para vencer uma eleição são necessárias idéias coerentes e projetos políticos para o país, mas também união entre os membros do partido (algo que não aconteceu com um dos partidos que disputam as eleições presidenciais reais nesse ano, o PSDB), a coragem e a força – aliás, todos os candidatos demonstraram tal postura na Simulação da Escola – para enfrentar um auditório lotado, responder as perguntas nem sempre amistosas e fáceis, falar ao microfone, demonstrar segurança, autocontrole etc.

A produção de homens e mulheres para a vida pública não é simples, mas é algo que se faz necessário, ainda mais nesses tempos sombrios em que a política tende a ser reduzida a descaso e corrupção e as lideranças políticas tendem a ser vistas mais como gerentes, administradores, do que como políticos de fato.

Boa leitura!

Explique em linhas gerais, quais foram as propostas políticas de sua candidatura.
Nosso partido teve como foco ações econômicas voltadas principalmente para o Pré-Sal, com investimentos a curto e longo prazo em educação, saúde, saneamento básico, programas voltados para a família, cultura etc.

O que acharam das propostas dos demais candidatos? Como elas se diferenciavam das suas?
As propostas dos demais candidatos foram muito bem colocas e elaboradas, todos se esforçaram e fizeram um excelente trabalho, porém algumas propostas se fossem realmente levadas a sério seriam inviáveis. Nossas propostas foram esquematizadas de forma realista e não só de fachada para um trabalho de escola e se fossem levadas adiante teríamos resultados futuros.

Em sua opinião, o que foi decisivo para sua vitoria nas eleições?
A UNIÃO do grupo foi muito importante, tanto eu quanto Marina estávamos integradas sobre todos os assunto postos em discussão. O partido da sala trabalhou unido sempre para obtermos sempre o melhor resultado. A responsabilidade, o carisma e o esforço no final valeram à pena.

O que você achou dessa atividade?
Foi uma experiência única e extremamente importante, foi bastante produtiva, todos levaram a sério de uma forma ou outra, serviu como alerta: só se vê a real personalidade de alguém quando se dá poder e quando esse mesmo poder é posto a prova. Os nervos vão à flor da pele, o friozinho na barriga, as mãos suando e tremendo, o medo das pessoas te acharem ridícula e nem prestarem atenção no que você esta falando, e seu equilíbrio emocional e psicológico posto em prova. Foi realmente gratificante se sentir líder e “importante” por alguns dias. Sentimos um pouquinho na pele como é “governar”, como é difícil ter o “mundo” em nossas mãos e ter a obrigação de saber exatamente o que fazer com ele, tentando agradar a grande maioria dando sempre o seu melhor. Todos os candidatos estão realmente de parabéns: a coragem de dar a “cara a tapa” realmente não é para qualquer um. Agradecemos ao Professor Nicolau e à Professora Marcela por ter nos dado todo o apoio e suporte necessário.

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